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quarta-feira, 30 de maio de 2018

A maldição da cesária

Não me levem a mal, minha primeira filha nasceu de cesariana e, apesar de querer normal, nunca tive nada contra. Sempre levei as duas opções com seus prós e contras. Mas acredito que tinha essa ideia por nunca me apresentarem justamente os dois lados da moeda. Cesária salva vidas, sim, mas se apresenta realmente necessária em apenas 20% dos casos gerais, ao invés da realidade de mais de 50% na rede pública e mais de assustadores 90% na rede particular!

Alguma coisa está muito errada. E a partir de um documentário comecei a ver que essa realidade explica muita coisa, muita coisa errada que há no mundo. Nunca tinha me dado conta e nem associado nada a reação da Isabel, por exemplo, as fotos dela do parto. Ela reagiu mal, traumatizada, com medo... e na época eu não entendi porquê e nem associei a nada. Mas quando descobri que o nascimento é um momento crucial para o desenvolvimento de ligações cognitivas indispensáveis para VIDA... tive explicações não só pra reação dela as fotos do parto como para questões atuais da sociedade.

Nunca tinha parado para perceber, o quão traumatizante pode ter sido, ser arrancada da mãe sem aviso biológico.

Parece tão óbvio! Como pudemos esquecer que por milênios as crianças nasciam em casa na mão de parteiras? E não venha me dizer que hoje a tecnologia ajuda a detectar problemas e operar mulheres que não podem parir... estou falando de milênios de partos em casa. A tecnologia é ótima, mas entrou num caminho sem volta. A partir do momento que um profissional com um bisturi na mão, o que é ótimo, louvável e admirável sim, pode "escolher" operar em 15 min ou esperar 15 horas de trabalho de parto, ele com certeza "escolherá" a primeira.

E eu digo "escolher" porque teoricamente a escolha é da mãe, que confia 100% no profissional e escuta afirmações duvidosas e tabus contemporâneos como "a criança está muito grande", "está com o cordão umbilical no pescoço" (o que não é impedimento para parto normal), "você não dilatou", "você tem a bacia estreita", "a criança encaixou mas não desceu", "a criança está sentada" (que também não é impedimento)... e muitos outros milhares de argumentos que somam ao medo do primeiro filho, insegurança e instinto materno de proteção.

Pois afinal, quem se interessa em reforçar para cada mãe que ela é capaz, que ela é forte, que ela nasceu pra isso, que o corpo dela e do bebê sabem exatamente o que fazer na hora. Quem vai encorajá-la? Quem vai minar a mente delas com verdades ao invés de todos os "e se" possíveis?

Não lembro se contei meu relato de parto aqui, mas queria parto normal até 40 semanas. Mas com 40 semanas e 1 dia minha cabeça cedeu aos milhares de palpites alheios que estão impregnados na sociedade e a falta de incentivo de minha médica, particular, que realizava 99% de partos tipo cesária. Não culpo a médica, mas me culpo. Me arrependo, de não ter escolhido um profissional com posicionamento diferente, de não ter acreditado em mim e no meu instinto materno. Afinal, eu queria parto normal.

Com 40 semanas e 2 dias a Isabel foi tirada de mim. E uma coisa muito séria acontece na natureza quando ela é alterada. Eu não entrei em trabalho de parto, nem eu nem ela estávamos prontas. Podíamos ter ido até 42 semanas. O corpo uma hora reage, pode ter certeza! Hoje eu tenho certeza! Tudo que entra sai. Eu sei que você já ouviu uma história muito triste de alguém que, infelizmente, não foi tudo como deveria ser. Mas essa é uma minoria frente ao número de partos totalmente desnecessários que vem sendo feitos. A ponto de uma mãe escolher cesário antes mesmo de engravidar achando ser mais seguro.

Correu tudo bem, mas me arrependo de ter cedido à cesária

Mãe a natureza é segura. A tecnologia também falha. Acredite mais em você. Você sabia que em trabalho de parto você libera um coquetel de hormônios do amor? E que eles são importantes pra você e para seu filho? Não estou falando dos sintéticos injetados, estou falando dos produzidos naturalmente pelo corpo. Ou você acreditaria em um amor sintético (produzido por síntese artificial)? Um pesquisador americano estuda a relação do instante do parto a uma série de anomalias sociais relativas ao amor, no caso a falta de produção e relação natural dele no parto.

Por exemplo, a medida que surgiu (mais de 500 anos) e se intensificou o número de partos cesários no mundo, crescem e surgem cada vez mais doenças relacionadas a falta de amor como depressão, anorexia, autismo, psicopatia... enfim, e outros casos de pessoas que não sabem lidar com relacionamentos sociais, egoísmo, individualismo... e voltando à depressão, o próprio baby blues. O que é completamente entendível, pois uma mãe que tem seu bebê tirado com 37, 38 semanas com ocitocina sintética na veia, não dispõe de condições naturais de despertar o amor pelo filho, entendem? Se torna mecânico.. Não explica muita coisa pra vocês?

Mulheres, vamos voltar as nossas origens. Vamos acreditar mais em nós. O seu cesário teve amor? O meu teve, mas imagina o quanto mais natural e intenso seria o parto normal. Sempre quis viver muito essa experiência, sei que vai doer, mas o amor as vezes dói, não dói? Evitar sentir dor e privar os filhos da dor também traz consequências sociais muito ruins, vamos pensar melhor.

Aconselho todas as pessoas a verem este documentário e também o filme O Renascimento do parto, para que seja desconstruído este tabu contemporâneo de que parto cesária é melhor. Pesquise mais sobre parto normal, humanizado, com doulas, eles existem em casa e até dentro de hospitais especializados. Infelizmente neste segundo parto não poderei escolher um profissional e pagar pelo parto, estou nas mãos do serviço público e na sorte de pertencer a 50% do índice de mulheres que tem parto normal na rede pública. Mas sigo com fé de que minha segunda menina nascerá da melhor maneira para ela e que nada do que aprendi depois da primeira será em vão.

Quero também mostrar para as mulheres este lado da história que está oculto e sendo abafado, mas que não há um vilão específico. O maior vilão somos nós, nossa pressa, nosso imediatismo, nossa frieza, nossa vontade de resolver as coisas de forma mais confortável... Quero muito ler seu relato de parto, independente de qual tenha sido. Me conta?

quinta-feira, 24 de maio de 2018

O que acontece com as crianças de hoje?



Este artigo é mais uma reflexão do que uma resposta. Aliás, nunca quis dar aqui receita alguma de sucesso, e sim minhas experiências e forma de ver as coisas. Mas meu questionamento é sobre BRINCAR. Juro que evitei ao máximo uso de celulares e televisões dentro da minha casa, sabendo que eles são prejudiciais para o desenvolvimento cognitivo e criativo das crianças. Mas também nunca fui general, até porque eu passei boa parte da minha infância assistindo desenhos pela manhã e jogando videogame a noite.

Mas percebo sim uma larga diferença entre a disposição da Isabel, para brincar e inventar, do que a minha experiência. Pelo menos que eu me lembro. Podia brincar horas sozinha, ou na companhia de uma amiga, com os brinquedos de sempre. Ou nem precisava brinquedos em si... tinham tantas brincadeiras, tanta imaginação.

Hoje parece ser uma luta encontrar uma brincadeira, uma atividade, sem que eu interfira. Talvez eu tenha me metido demais no começo ao tentar entretê-la, "ensiná-la a brincar", e hoje ela "depende" disso. Mas não é só ela, percebo ser um mal da geração. Querer tudo pronto, tudo agora, tudo perfeito... não pode haver frustração, não sabem reagir a frustração! Será que em algum momento, ou em muitos, eu a privei de frustrações? Pelo contrário, me acho até bem rígida sobre o quanto ela poderá sofrer com as consequências... será que ela se sente exigida demais por mim?

Só sei que, baseado no que vivi, e sobrevivi, hoje em dia procuro deixar ela sem opção mesmo, ociosa, deixo na mão dela... ela só quer brincar comigo, nunca sozinha. Carência não é, passamos 19h juntas. Dependência? Talvez. Mas preciso mudar isso enquanto há tempo. Sem desampará-la, sem deixar a sensação de abandono. Afinal, a irmãzinha vem aí. E como ela vai se sentir em relação a chegada dela?

Não tive irmãs mais novas, meus irmãos são mais velhos e meninos, e apesar de ter irmãos, lembro de sempre brincar sozinha em casa. Minha mãe e pai estavam sempre trabalhando. Em raríssimas lembranças sentavam no chão para brincar comigo. E nem por isso sou frustrada com eles. Já a Bel, se mostra triste e decepcionada se eu me recuso a brincar e me sento para trabalhar!

Talvez seja os famosos testes da idade, ela vai testar para ver até onde consegue ir, o quanto consegue dominar... E se focarmos 100% na criança, eles montam em cima e dominam mesmo! Acredito numa relação sempre amorosa, sempre com diálogo, sempre sincera, mas também com seus limites, entre pai e filho, e entre encarar as realidades desde cedo.

Enfim, é o que eu tenho vivido e aprendido. Por enquanto. E você? Que tipo de experiências de brincadeiras tem com seus filhos?





quinta-feira, 10 de maio de 2018

Você nunca estará pronta para ser mãe

Esta frase pode ser totalmente verdade ou totalmente mentira. Ou ainda, ser verdade e mentira. O que quero dizer é que ser mãe é uma coisa completamente indescritível. É diferente... Desculpem-me quem não é mãe, temos a mania de nos achar especiais e incríveis. Por horas, porque as vezes nos sentimos péssimas.

Mas talvez todas as mulheres tenham essa coisa de maternidade, mesmo que não venha do ventre, vem do coração. Mesmo que não seja uma criança, a tendência é acolher, se doar para uma gato, um cachorro, uma amizade ou até um homem 😅😅

Mas voltando para a maternidade com os filhos, é diferente porque nós deixamos de viver a nossa vida individual. Toda a perspectiva muda. Não é só você. Não é só você e o parceiro. Agora a vida toma uma dimensão muito maior.

E quando eu digo que nunca estaremos prontas é que não tem como prever NADA de NADA. Podemos até tentar, planejar, nos treinar, imaginar como vamos reagir... Mas na hora H, tudo muda, tudo flui, é tão instintivo, tão passional... por isso também, dá essa sensação de que no fundo sempre estamos prontas, porque na hora a situação ensina, muda, transforma, surge e ressurge.

Mas é sempre um desafio, uma incerteza, não tem como esperar o momento certo. Sendo você muito nova ou mais experiente, tudo é novidade, tudo se reinventa, tudo se transforma, tudo muda. É uma milagre gerar um ser completo dentro de si, é um milagre esse ser sobreviver, aprender, crescer, amar, sentir... é um milagre isto acontecer exatamente com você também! 😍