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quarta-feira, 26 de setembro de 2018

Missão maninha

É, a gente tenta antecipar as prováveis situações. Conversa, prepara, mas na prática... é totalmente diferente. Mais uma vez, quando se trata de filhos, não tem receita pronta, não tem como prever nada.




Bebel sempre aceitou bem a ideia da maninha. Esperou pacientemente. Se alegrou, fazia planos quando ela nascesse. Então eu comecei a antecipar alguns assuntos, para tentar prepará-la. Algum tempo antes, comecei a estimular muito mais atividades que ela pudesse fazer sozinha. Pegar iogurte na geladeira, colher na gaveta e depois de comer colocar o pote no lixo e o talher na pia, tirar e colocar a roupa, calçar os sapatos, servir água, comer sozinha... Isso foi super positivo e ela amou a autonomia e os desafios (sempre gostou).

Algumas semanas antes da mana nascer, surgiu uma vaga de turno integral na escolinha, ela sempre fez meio turno. Gelei. De quatro, ela passaria oito horas na escola. Depois de muito pensar e pegar conselhos com mães amigas, confiei que seria melhor para os dois lados. Eu amo ficar com a minha filha em casa, mas a verdade é que eu não fazia mais nada além disso. Era muito difícil manter as tarefas domésticas e muito menos me concentrar para trabalhar. Ela me tinha como uma amiga que brincava com ela, e isso deu muita confusão na hora de impor limites e estabelecer regras.

Aos poucos fui parando de me doar tanto para ela, no sentido de brincar, e me posicionando como mãe mesmo, fazendo isso só em alguns momentos e deixando que ela aprendesse a brincar sozinha. Afinal, quando a irmã nascesse minha atenção a Bbl iria mudar radicalmente e eu não queria que ela sentisse tanto esse baque. Só que mesmo assim, não foi fácil, ela demorou a entender que eu tinha outras atividades além de brincar com ela. E até hoje ela me convida pra brincar a todo momento e se frustra com o meu não, mesmo eu dando ''altas explicações''.😁

Na escola ela aprendeu certa autonomia, mas agora o turno integral ia ensinar muito mais. Em apenas quatro horas não dava muito tempo de ela se sentir só, entediada, sentir saudade... em oito horas isso passou a acontecer. Eu não queria que ela pensasse que coloquei ela na escola pra que eu fique agora com a irmã e deixasse ela de lado, mas aprendi que não posso antecipar assuntos e questionamentos. Tive que confiar que a segurança e amor que eu passo no dia-a-dia seja suficiente para a base dela.

Mesmo assim essas questões surgiram na cabeça dela, mas não pelo fato de estar na escola o dia todo, e sim porque ela viu em desenhos e vídeos na internet que quando bebês chegam, roubam um pouco do lugar deles. Achei que isso seria didático, mas é claro que ela não recebeu bem e ainda puxou um "draminha" diário só pra me fazer sentir pior.

Infelizmente ou felizmente, ela passou a descobrir que não é única, que as coisas não giram em torno dela. Não sei se tem idade certa pra isso acontecer. Na verdade sei que a criança só tem capacidade de entender isso com determinada idade sim, mas não sei se ela está pronta. Mas também não posso antecipar tudo e amortecer cada lição que a vida dá. Agora na escola, ela sente momentos de solidão sim, mesmo rodeada de colegas, sente saudade da família, sente tédio... mas penso que se ela estivesse em casa, seria uma guerra constante por atenção e isso geraria muito estresse para ambas.

Quando ela volta pra casa ainda se frustra por ter que dividir a mamãe, mesmo eu conversando muito antes da mana nascer. E ainda está muito tranquilo, porque a mana só dorme e mama e é super "na dela". Só que na cabeça da Bebel, dedicar tempo é igual a amar. E estar longe, fazendo outra coisa ou estando com outro alguém é deixar de amá-la. E isso é comigo, com a amiguinha, com a professora, com a vovó, com o papai... e não importa o quanto eu explique, ela ainda insiste nisso. Espero que logo ela entenda.

Mesmo pensando assim, Bbl é super carinhosa com a irmã e quer ajudar em tudo, pegar ela no colo, fazer carinho e dar beijinhos. Mostra a mana para as pessoas super orgulhosa e possessiva 😅. Por enquanto é isso, acredito que uma recompensa linda virá para ela quando a maninha admirá-la e imitá-la. 😍 Enquanto isso, vamos vivendo cada momento e aprendendo, tanto eu, quanto elas.






quarta-feira, 19 de setembro de 2018

Parto Normal x Cesária

Hoje posso fazer um comparativo real. Tive as duas experiências. Mas esse é o meu ponto de vista... nenhum parto, normal ou cesáreo, é igual ou pode ser comparado de uma mulher para outra.

MEU parto normal


- Meu corpo e o da bebê escolheram a hora (39 semanas + 2 dias)
- Senti contrações, dores e a bolsa estourou (antes de tudo)
- A saída dela durou cerca de uma hora e um total de 8 horas de trabalho de parto
- Tive total autonomia no parto e apoio por parte dos profissionais de que conseguiria
- Peguei minha filha no colo imediatamente após nascer (contato pele a pele)
- Esperaram o cordão umbilical parar de pulsar, depois de nascida, para cortar
- Ela mamou ainda na sala de parto, na primeira meia hora de vida
- Não tomei medicamento, soro ou anestesia previamente
- Injetaram oxitocina no meu quadril, depois que a bebê saiu da sala, para estancar sangramento e retirar a placenta
- Nasceu às 11h07m, 12h15 já estava no quarto com minha bebê
- Comi duas horas antes do parto e duas horas depois, tomei água todo o tempo
- Me pus de pé e tomei banho 5h depois do parto
- Tive alta em 24 horas e a bebê em 48 horas, dois dias internada

Ana Elisa, 30 de ago de 2018, 3,005 kg, 46 cm

Observações


Tive um misto de realização e tranquilidade desde o momento em que a bolsa estourou. As contrações doeram e passaram-se horas, mas tudo pareceu tão rápido. Meu corpo se concentrou somente nisso e no sucesso do nascimento do bebê. Foi tudo natural e instintivo. Senti dor, foi inevitável gritar no final. O grito dava força para suportar cada contração. Não tive medo em nenhum momento. As profissionais, todas mulheres, me incentivavam, davam dicas, mas me deixaram fazer todo o trabalho sozinha. A pessoa mais próxima de mim na sala era meu marido. Ele cortou o cordão umbilical. A placenta demorou para sair naturalmente, cerca de uma hora. Tive a barriga empurrada para que a placenta saísse, doeu. A barriga voltou imediatamente ao normal. Tive gases e ela voltou a inchar. Estava disposta, falante e me movimentando muito bem logo depois do parto. Tive uma laceração de 1 cm no períneo, o primeiro xixi foi tenso, foi no banho. 😰

MINHA cesária


- Data escolhida por mim e pela médica (40 semanas + 2 dias)
- Não senti dores, nem contrações, não entrei em trabalho de parto
- Em 15 minutos desde a anestesia ela nasceu, mais meia hora para limpeza do útero e pontos
- Não tive nenhuma participação, fizeram tudo por mim
- Com as mãos amarradas e a visão obstruída da cintura pra baixo, vi minha filha passar das mãos da obstetra para as mãos do pediatra, que a enrolou e colocou do lado do meu rosto por breves minutos
- O cordão umbilical foi imediatamente cortado, assim que ela saiu de mim
- Minha bebê mamou na sala de recuperação, mais de uma hora depois de nascer
- Colocaram um acesso na mão para entrada de soro, oxitocina e medicamentos para dor. Também sonda para urina
- Nasceu às 15h34, às 18h30 estava no quarto, minha bebê chegou antes de mim
- Fiquei 16 horas sem comer antes do parto e 20 horas sem comer depois
- Me pus de pé e tomei banho 18 horas depois da bebê nascer
- Tivemos alta em 24 horas, um dia internada

Isabel Luísa, 11 de fev de 2015, 3,095 kg, 49 cm

Observações


Lembro que a sonda da urina me incomodou e doeu muito no pré parto. Fizeram bastante força empurrando minha barriga por cima de mim para a bebê nascer. Senti uma dor de torcicolo em função disso. Minha bebê foi tirada com fórceps. O restante foi totalmente indolor (anestesia, cirurgia, "recuperação" - conduzida por medicamentos). No bloco cirúrgico todos eram totalmente estranhos a mim, exceto minha obstetra. Meu marido não pode entrar na sala de parto comigo. Não tive dor de cabeça da anestesia, mas tive muita coceira no rosto e braços. Senti tontura e desequilíbrio nos primeiros momentos em pé e primeiros dias. Muito desconforto de gases e sensação de estar com tudo solto na barriga. Rir, levantar da cama e andar de carro era horrível nos primeiros dias. Barriga estufada. O primeiro xixi foi tranquilo, também no banho, apesar da sonda ter me machucado no início.

Estou completando três semanas desde o último parto. Assim que passar o resguardo, vou relatar pra vocês a diferença entre as minhas recuperações de um parto para outro. Se tiverem perguntas ou dúvidas, escrevam nos comentários. Mas já vou me adiantando, se for para perguntar se prefiro normal ou cesária, a resposta será: prefiro não ter mais filhos. 😅😅

sexta-feira, 7 de setembro de 2018

Relato de parto normal

Talvez vocês já tenham lido aqui que minha primeira filha nasceu de cesária. Também talvez já tenha lido que me arrependo disso, pois praticamente foi eu quem escolhi. Mas agora vou relatar uma experiência incrível. Sim, tive parto normal. Natural ou humanizado, chame como quiser chamar, mas foi algo completamente único. Era exatamente o que eu esperava, apesar de saber que é um momento totalmente imprevisível.

No dia seguinte da minha postagem sobre saber esperar, minha segunda menina nasceu. Às 3 horas e 20 minutos da madrugada minha bolsa estourou. Eu estava dormindo e até sonhando, quando um "POC" bem no meio da barriga me despertou. Achei que era coisa da minha cabeça, mas levantei e percebi um pouco de líquido bem transparente e sem cheiro saindo na calcinha. Coloquei um absorvente e me deitei novamente. Não deu um minuto e saiu mais líquido, fui tomar banho enquanto saía mais.

Li que quando o líquido é incolor e inodoro, não precisamos sair correndo para o hospital, dá tempo de tomar banho e se alimentar. Fiz isso, em silêncio, antes de acordar meu marido. Depois de quase uma hora, avisei ele e 5h e 20m estávamos saindo para o hospital, já com leves contrações e cólicas. Cheguei na Emergência do Hospital Universitário de Santa Catarina, Florianópolis, às 6h. Entre 6h e meia a 7 horas fui examinada e monitorada, já estava com 4 cm de dilatação e dores que me faziam parar de falar e respirar fundo, me contorcendo.

Fui para a sala pré-parto e logo me ofereceram um banho morno na bola inflável para relaxar e amenizar a dor das contrações. Fui para o banho bem devagar e respirando fundo, as contrações vinham uma em cima da outra, com três minutos de alívio. Não gostei da sensação da água nas costas, não consegui relaxar, estava sozinha e a posição e instabilidade da bola também não me trouxeram condições de relaxamento.

Depois que saí do banho as dores pareciam mais fortes. Deitei de lado na cama para ficar mais confortável, mas mal conseguia me mexer. Cada contração me deixava mais tensa e, até passar a tensão, vinha outra logo em cima. A dor me fazia me segurar firme nas alças da cama e gemer um grito interno. Mesmo respirando não conseguia amenizar a dor que ficava mais forte, como uma dor de barriga multiplicada.

De repente me vi fazendo força, mas não sabia se já estava na hora. Estava só eu e meu marido na sala e chamei alguém pra perguntar. Não tenho certeza se quem me orientou era enfermeira, obstetra ou obstetriz... talvez fosse até uma doula, me orientou a fazer o que o corpo estivesse mandando. A dor me fazia fazer força, muita força. A cada força sentia perder líquido ou talvez até urina, não sabia diferenciar. Uma delas me fez uma massagem na parte de baixo das costas, mas também não me agradou. O Gui, meu marido, ficou comigo todo o tempo, mas mal podia me encostar ou me dirigir a palavra... 😆

Pedi um exame de toque para ver como estava a dilatação. Já devia ser quase 10 horas da manhã, não conseguia nem olhar pro relógio. Me disseram que era cedo para repetir o exame de toque, parece que é uma nova regra de conduta ou lei de parto humanizado... não fazer o toque no colo do útero toda hora, para não estressar a mulher. Mas como eu havia pedido, resolveram fazer. Eu estava com 10 cm de dilatação e o colo terminando de afinar! Me ofereceram ir com calma para a sala de parto. Foi muito difícil caminhar com uma dor atrás da outra.

Na sala de parto, com luz baixa e com umas cinco profissionais me acompanhando, (não sei qual a função de cada uma 😁) me senti muito a vontade. Me ofereceram testar outras posições, fiquei praticamente "de quatro" com os braços apoiados no encosto da cadeira de parto.



Sabe aqueles vídeos de parto humanizado em que as mulheres estão na banheira, ou não, mas mal gritam? Essa não era eu! Não conseguia respirar, relaxar, as contrações vinham uma em cima da outra e até eu livrar a tensão da dor e respirar, já vinha outra. Uma ou outra não doíam tanto, mas eu não tinha controle. Cada contração eu fazia força e me segurava firme nas barras da cama. Fiquei com muita dor nos ombros e pescoço e pedi pro Gui me massagear essa área nos intervalos.



Na sala, um silêncio por parte das profissionais, não me deram pressão, mas me motivavam e elogiavam esporadicamente. Quando eu tinha dúvidas, me respondiam e davam dicas. Comecei a sentir que a bebê cada vez avançava mais no caminho do colo, mas minha agonia era sentir que ela regressava ao final da contração. A cada força ela avançava um pouco mais e voltava tudo de novo. Eu me esforçava para que cada vez fosse a última... mas a saída dela estava apenas começando.

Agora não sentia só a dor da contração, mas dela passando pelo canal vaginal (35 cm de diâmetro 😁). Não dá pra dizer que não dói, mas não é impossível. Finalmente a frase que toda mãe quer ouvir "estou vendo o cabelinho"! Minha meta agora era fazer sair a cabeça. Depois disso eu sabia que só restaria mais uma força e acabaria. Não foi logo em seguida, mais algumas contrações e a cabeça saiu! Meu alívio durou pouco, a médica resolveu ver se o cordão umbilical estava no pescoço da bebê e introduziu os dedos... você sabe onde... este foi o pior momento, doeu na pele, tive uma laceração no períneo de 1 cm e desconfio que tenha sido nessa hora.

A última força e minha filha saiu! Às 11h07m. As dores pararam imediatamente! Ela ali quentinha e com um cheirinho delicioso! Peguei ela ainda de joelhos e me virei sozinha para deitar com ela no meu peito. Elas a cobriram e ali ela ficou: No meu colo. Deu para curtir bastante o momento, muito diferente da cesária. Esperaram o cordão umbilical parar de pulsar e o Gui cortou o cordão. Recebi muitos elogios, me senti muito tranquila e segura.


A novela da placenta 


Não era para ser demorado, mas demorou. Quase uma hora! Li que as contrações continuam mais fracas para a placenta descolar e sair. Em média até 15 minutos depois do parto. Mas no meu caso esperamos, esperamos, esperamos. A médica muito paciente, puxava o cordão umbilical devagar, mas via que ela ainda estava colada no útero. A bebê já tinha saído da sala. Recebi uma injeção de oxitocina no quadril. Não gostei muito, porque não queria nenhuma intervenção artificial, mas a enfermeira disse que era para estancar o sangramento.

Depois de esperar quase uma hora, a obstetriz teve que massagear minha barriga para descolar a placenta. Doeu muito no meu caso... involuntariamente eu segurava a mão dela impedindo-a, mas ela me disse que se demorasse teria que fazer uma intervenção cirúrgica só pra tirar a placenta. Aguentei a dor, gritando como se fosse no parto, mas finalmente ela saiu.

Laceração do períneo


Depois disso a médica me descreveu a laceração, 1 cm, e disse que precisaria de dois pontos. Mas que eu podia optar por não fazer, pois igual o períneo iria se restituir se eu cuidasse. Não sou muito fã de pontos, e ponderei que, mesmo com ou sem pontos, iria ter que cuidar, iria doer... mas se fizesse pontos iria ter que retornar pra tirar. Como meus pontos da cesária demoraram 14 dias pra cicatrizar e doeu pra caramba pra tirar... optei por não fazer os pontos.

Passei para a maca sozinha, logo depois e fui para o quarto com a bebê, que já tinha retornado pra mim depois de pesar. Papai estava juntinho dela. 3.005 Kg, 46 cm e 8 e 9 de Apgar. 39 semanas de gestação + 2 dias. Ana Elisa Medronha da Silva. Na sala de parto e no quarto ela já pegou o peito.