Bebel sempre aceitou bem a ideia da maninha. Esperou pacientemente. Se alegrou, fazia planos quando ela nascesse. Então eu comecei a antecipar alguns assuntos, para tentar prepará-la. Algum tempo antes, comecei a estimular muito mais atividades que ela pudesse fazer sozinha. Pegar iogurte na geladeira, colher na gaveta e depois de comer colocar o pote no lixo e o talher na pia, tirar e colocar a roupa, calçar os sapatos, servir água, comer sozinha... Isso foi super positivo e ela amou a autonomia e os desafios (sempre gostou).
Algumas semanas antes da mana nascer, surgiu uma vaga de turno integral na escolinha, ela sempre fez meio turno. Gelei. De quatro, ela passaria oito horas na escola. Depois de muito pensar e pegar conselhos com mães amigas, confiei que seria melhor para os dois lados. Eu amo ficar com a minha filha em casa, mas a verdade é que eu não fazia mais nada além disso. Era muito difícil manter as tarefas domésticas e muito menos me concentrar para trabalhar. Ela me tinha como uma amiga que brincava com ela, e isso deu muita confusão na hora de impor limites e estabelecer regras.
Aos poucos fui parando de me doar tanto para ela, no sentido de brincar, e me posicionando como mãe mesmo, fazendo isso só em alguns momentos e deixando que ela aprendesse a brincar sozinha. Afinal, quando a irmã nascesse minha atenção a Bbl iria mudar radicalmente e eu não queria que ela sentisse tanto esse baque. Só que mesmo assim, não foi fácil, ela demorou a entender que eu tinha outras atividades além de brincar com ela. E até hoje ela me convida pra brincar a todo momento e se frustra com o meu não, mesmo eu dando ''altas explicações''.😁
Na escola ela aprendeu certa autonomia, mas agora o turno integral ia ensinar muito mais. Em apenas quatro horas não dava muito tempo de ela se sentir só, entediada, sentir saudade... em oito horas isso passou a acontecer. Eu não queria que ela pensasse que coloquei ela na escola pra que eu fique agora com a irmã e deixasse ela de lado, mas aprendi que não posso antecipar assuntos e questionamentos. Tive que confiar que a segurança e amor que eu passo no dia-a-dia seja suficiente para a base dela.
Mesmo assim essas questões surgiram na cabeça dela, mas não pelo fato de estar na escola o dia todo, e sim porque ela viu em desenhos e vídeos na internet que quando bebês chegam, roubam um pouco do lugar deles. Achei que isso seria didático, mas é claro que ela não recebeu bem e ainda puxou um "draminha" diário só pra me fazer sentir pior.
Infelizmente ou felizmente, ela passou a descobrir que não é única, que as coisas não giram em torno dela. Não sei se tem idade certa pra isso acontecer. Na verdade sei que a criança só tem capacidade de entender isso com determinada idade sim, mas não sei se ela está pronta. Mas também não posso antecipar tudo e amortecer cada lição que a vida dá. Agora na escola, ela sente momentos de solidão sim, mesmo rodeada de colegas, sente saudade da família, sente tédio... mas penso que se ela estivesse em casa, seria uma guerra constante por atenção e isso geraria muito estresse para ambas.
Quando ela volta pra casa ainda se frustra por ter que dividir a mamãe, mesmo eu conversando muito antes da mana nascer. E ainda está muito tranquilo, porque a mana só dorme e mama e é super "na dela". Só que na cabeça da Bebel, dedicar tempo é igual a amar. E estar longe, fazendo outra coisa ou estando com outro alguém é deixar de amá-la. E isso é comigo, com a amiguinha, com a professora, com a vovó, com o papai... e não importa o quanto eu explique, ela ainda insiste nisso. Espero que logo ela entenda.
Mesmo pensando assim, Bbl é super carinhosa com a irmã e quer ajudar em tudo, pegar ela no colo, fazer carinho e dar beijinhos. Mostra a mana para as pessoas super orgulhosa e possessiva 😅. Por enquanto é isso, acredito que uma recompensa linda virá para ela quando a maninha admirá-la e imitá-la. 😍 Enquanto isso, vamos vivendo cada momento e aprendendo, tanto eu, quanto elas.