Sempre fiz parte do time das
mulheres que sonharam com uma carreira brilhante acima de quase tudo. Pensava
que a vida devia ter uma sequência óbvia, em que a mulher deveria buscar sua
estabilidade profissional, mas amor, casa e filhos, confesso que nunca estiveram
nos meus pensamentos como um objetivo ou algo que eu sonhava em alcançar. Romantismo nunca foi meu forte. Aí vem a vida ou
Deus e te mostra que estamos em constante mudança e que essa sequência cronológica
tão óbvia para mim nunca existiu, estava enganada.
Após os primeiros anos de
casados, vida profissional acontecendo, marido voltando a estudar, pois optou
por mudar de profissão, projeto da casa em andamento e o tal relógio biológico
começa a despertar! Assuntos sobre filhos começam a fazer parte dos nossos
diálogos. Já não estava dando tanta importância assim para a estabilidade
profissional. Pra falar a verdade, concluí que o que me motiva é justamente a
incerteza, o frio na barriga de sonhar um pouco mais, enfim, talvez uma eterna
insatisfeita. No entanto, essas conversas tinham um tom de futuro, e por vezes
parecia algo frio pra nós, não sentia aquela emoção ao falar de maternidade,
tão pouco sentia emoção nas palavras dele, não conseguia entender porque as
pessoas costumam se emocionar tanto com algo muito mais fisiológico do que psicológico.
Sendo bem honesta, aquela
balança dos pontos positivos e negativos parecia pesar para o lado negativo
(parece um drama, mas acredito que muitas mulheres pensam de forma racional
sobre esse assunto), mas a cada dia e com a frequência desses assuntos, eu
comecei a desejar ser mãe, ficava horas imaginando a minha família completa,
parece que alguém mudou algo dentro de mim, pois eu decidi que queria ser
mãe....
Passados alguns meses,
menstruação atrasada, resolvemos fazer o teste de farmácia, nós dois apenas ríamos
sem parar, me senti uma adolescente comprando aquele exame, não parecia eu,
aquela racional que imaginava haver o período ideal, a casa pronta e todos os diplomas
na parede como troféus, mas os dois “tracinhos” apareceram. No outro dia
realizei o exame de sangue e ao final da tarde fui buscar e alí estava aquele
valor altíssimo de HCG (Gonadotrofina coriônica humana).
Naquele momento esqueci meus conhecimentos sobre genética, fui direto para a
internet, confirmei a gravidez.
Eu e o Mateus nos abraçamos,
rimos muito, mas não rolou uma lágrima, foi um misto de sentimentos, mas
pensava que se eu estava grávida porque não poderia ficar radiante de alegria,
contando aos quatro ventos? Afinal de contas não era proibido, estava tudo
certo.
Queria me debulhar em
lágrimas, mas nada, a ficha não caiu naquele momento. Fui tão racional, liguei
para a médica, marquei exames, fiz tudo como manda o figurino, só que esquecia
que estava grávida e isso levou algumas semanas.
Hoje que estou com 29
semanas e 4 dias posso dizer que sou outra pessoa. Eu não paro de pensar na
minha filhinha, parece que ela já está aqui, eu faço tudo pensando nela,
imagino cada fase da vida. Eu não sou mais prioridade para mim mesma e essa sensação
de desprendimento da própria vida e do meu próprio egoísmo é muito boa, é
inexplicável.
Continuo a vida a mil, sempre
sonhadora, não larguei meus sonhos pessoais nem profissionais, tudo está
acontecendo no seu ritmo, mas agora entendo que é no ritmo da vida e não no
meu. Estou muito mais feliz e não sei como pude não desejar desde sempre algo
divino: ser mãe.
Me sinto grata por isso, é
uma nova fase..
Por ora é isso, espero que
curtam meus relatos!!!
Nenhum comentário:
Postar um comentário